Ultimamente tenho pensado quantas vezes sonhei nas últimas semanas, porém falho em lembrar ou enumerar. Eu sinto que boa parte do que sou é formada por um tipo de estado onírico de suspensão, onde nada se toca, coisa alguma tem cheiro ou gosto. Restam apenas duas alternativas: ver e ouvir. Como já disse, faz certo tempo que não vivencio isso e, com essa privação, entrei em absoluto êxtase ao encontrar QUIÑ.
QUIÑ, nascida Bianca Leonor Quiñones, é cantora, compositora e produtora afro-latina americana nascida em Los Angeles, Califórnia. Pode-se dizer que seus trabalhos transitam pelo subconsciente e até mesmo pelo universo, como uma catedral de arquitetura detalhista, mas que só existe ao fechar dos olhos.
“7th Heaven”, faixa extraída de seu EP intitulado “LUCID”, traduz impecavelmente essa tal sensação de vagar entre dois mundos, ou uma camada sonhadora sobreposta na realidade. Som de paisagem, arranjos de harpa e uma guitarra melancólica erguem os pilares dum sonho lúcido. É tão real que posso me imaginar no raso da praia balançando com as ondas. Tal qual é a experiência de querer agarrar um momento, impossível, sim, mas nada nos impede de recriá-lo sucessivamente em nossas mentes.
Assim como em seus trabalhos anteriores, QUIÑ continua a expandir os limites do imaginário, resultando nas mais diversas respostas sensoriais a quem ouve. Portanto, nada mais justo que destacar a canção “7th Heaven” para apresentá-la, pois a calmaria, o acolhimento, o amor e a leveza proporcionados são mais que bem-vindos nestes tempos. O EP “LUCID” também se torna tarefa difícil de recusar, afinal, QUIÑ tem um desejo elevado, e eleva a quem ouve seu convite.
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