No mês passado, o LOONA fez seu retorno ao cenário do K-Pop lançando o EP [12:00], tendo como carro-chefe a música “Why Not?” (ambos comentados aqui). Normalmente, EPs de grupos de K-Pop costumam ter uma música escolhida como single, que será divulgada por alguns meses até que as/os idols se despeçam para voltar aos estúdios e gravar o próximo lançamento, enquanto as demais músicas são usadas apenas para preencher o álbum. Bem, desta vez, não foi o caso.
Tudo começou com uma aposta ousada da agência do grupo, a BBC, que fez uma campanha para que os fãs do LOONA tentassem colocar o EP delas na principal parada de álbuns do mundo: a estadunidense Billboard. Uma meta bastante ambiciosa, que muitos (incluindo este que vos escreve) duvidavam que fosse possível – mas, surpreendentemente, ela foi alcançada. Como um agradecimento, um segundo videoclipe foi produzido e lançado, desta vez para a música “Star” – versão inteiramente em inglês da faixa “Voice”.
De volta ao retrô
Já comentamos brevemente as impressões de “Star” no texto sobre o EP [12:00], mas creio que vale a pena falar de novo sobre a música. Isso porque, quando “Why Not?” foi lançada, um bom número de fãs e mesmo de ouvintes casuais lamentou que o LOONA continuasse dando prioridade para os sons da moda, em vez de manter sua aura mais indie que marcou os anos de pré-estreia do grupo. Como dito antes, essa decisão fazia sentido do ponto de vista comercial, mesmo que fosse mais um distanciamento do que fazia delas únicas no cenário do K-Pop.
“Star”, felizmente, vai na contramão dessa tendência, trocando o girlcrush por uma sonoridade bastante próxima da década de 1980. Ironicamente, essa sonoridade também é algo que está na moda hoje em dia, tanto dentro como fora do K-Pop (vide trabalhos de figuras como The Weeknd e Miley Cyrus), mas também é uma parte marcante de diversas músicas na fase pré-estreia do LOONA.
(gostinho de nostalgia para os membros mais idosos da blogosfera… no caso, eu)
Confesso que não sei precisar o estilo exato de “Star”, sei que não parece ser Synthpop por não parecer ter instrumentos eletrônicos, e fica aqui o convite/pedido para a Carla identificar o que essa música seria; seja nos comentários ou com um boxe aqui mesmo no texto. Por sinal, para quem não sabe o que é Synthpop (que eu considero um dos estilos mais gostosos de ouvir), vale ler a aula maravilhosa que a Carla nos proporciona sobre ele! Inserção de Carla: “a faixa de fato é Synthpop, com uma boa combinação do sequenciador a um baixo proeminente, palpável”.
Quanto ao idioma, algumas pessoas se incomodaram pela BBC não ter usado a versão coreana da música – mas, considerando que esse lançamento é uma comemoração por uma conquista em solo estadunidense e fruto do esforço (e dinheiro) de fãs de várias partes do mundo, nada mais justo que dar algo com uma cara mais “mundial”, não?
Simples, porém bem feito
Com relação ao videoclipe, ele claramente teve menos orçamento e tempo do que os vídeos de singles oficiais do LOONA. Ênfase aqui em “do que os vídeos de singles oficiais do LOONA”, ou seja, ainda é uma produção bastante elaborada, bem diferente do que alguns trabalhos de grupos como Pocket Girls e o finado Hello Venus.
(nunca esquecer esse vídeo maravilhoso, provavelmente filmado na garagem da casa dos pais de alguma integrante. Trash, porém ainda assim genuinamente maravilhoso)
Mas o interessante aqui é que os recursos mais apertados acabaram contribuindo a favor do resultado final! Embora o videoclipe ainda traga elementos do loonaverso (as formações das units no começo da coreografia, Yves se contorcendo na frente de suas colegas formando uma árvore com os corpos como a macieira do Éden, e HeeJin e Olivia Hye interagindo como reflexos num espelho antes de JinSoul e Kim Lip aparecerem – as cores das duas iluminam Olivia e HeeJin no final de “Egoist”), o foco maior é em mostrar cada garota e destacar a coreografia. Assim, até aquelas com poucos versos como ViVi, YeoJin, Go Won e HyunJin (que ironicamente apareciam dançando juntas em “Why Not?”, quase como um deboche da BBC com os Orbits que reclamam de como essas quatro costumam ser ignoradas dentro do grupo) acabaram tendo bastante tempo de tela desta vez.
No fim, fãs que adoram as teorias do loonaverso têm material para escavar, mas quem está conhecendo elas pela primeira vez consegue apreciar o vídeo numa boa, sem perigo de se sentir perdido, sem entender o que está acontecendo.
Isso posto, então essa é, enfim, a música que resgata o auge sonoro e criativo do LOONA? Não. Também não é a melhor música do ano, nem o melhor videoclipe. Mas é um passo bem-vindo para que talvez um dia elas retomem à boa forma que os Orbits tanto desejam.
Por Fernando Saker, colaborador do Whatever Music Basement.
Pra quem estranhou que o último vídeo nesse artigo tem visualização restrita, aí vai uma segunda versão dele (liberada e com legendas):