Goodbye, 2NE1 e a ausência

Há um bom tempo venho pensando num homem de aparência misteriosa, vejo-o de longe no final de um corredor. O homem parece estar de terno, tem um relógio dourado de bolso no qual checa as horas de quando em quando. Paciente, ele espera no fim do tal corredor, que dá saída para um grande e belo jardim.

Um sentimento indescritível me tomou enquanto eu olhava o declive do sol, da tarde, das luzes. Então deixei a noite me engolir. Em seguida, toda a angústia, todo o desespero e todo o pesar nos ombros desapareceram. Somente as lágrimas que escorriam pelo meu rosto eram capazes de me aquecer entre os cortes do retraimento.

Eu também havia pensado que aquele homem esperava por mim – “o paraíso fica no final deste corredor”, disse em voz suave. Olhou mais uma vez para o relógio e veio em minha direção, porém não fora minha mão que ele tomou. O caminho ladrilhava-se por si só, com desenhos geométricos complexos, pareciam parte de um grande esquema de labirinto; misterioso. Depois tudo se desfez e eu me encontrei só, meu coração ficou oco pois faltava alguém – e eu ainda vivo a incredulidade. Todas as cores se quebraram, colidindo em meus olhos avermelhados. Difícil explicar. Quanto ao relógio, ele não era valioso por ser de ouro, e sim porque, não só este em questão, mas todo relógio guarda o que é de mais precioso: o tempo.

Lembrei-me então da canção “Goodbye” do grupo 2NE1, lançada quatro anos atrás, junto ao anúncio do fim do mesmo. Na época, os fãs se dividiam entre revolta e tristeza. Mas eu, até então, não conhecia sequer uma única música do 2NE1; esta fora a primeira. Assisti ao videoclipe e prestava atenção na letra, chorei instantaneamente. Uma canção acústica tão simples, contudo, de alguma maneira, eu não conseguia parar de chorar. É uma bela música que eu teria composto exatamente como é.