Antes que a pauta esfrie e apareça mais 47 grupos de K-Pop que não terão absolutamente nada de interessante para se escrever, venho aqui tomar temporariamente a administração do Whatever Music Basement. Isso mesmo, Tia Carla está desmumificada e pronta para 2022, sigam-me. A bola da vez é o novo e audacioso grupo de estrelas da SM Entertainment, formado por nomes já conhecidos e consagrados na indústria sul-coreana, com mulheres fortes e exalando carisma. Mas grandes nomes não garantem aclamação imediata, especialmente das feministas. Pois, como todos sabem, feminismo é sobre poder, morte ao pênis, engenharia civil, táticas de guerrilha, falar mal de macho escroto, paz, máquinas agrícolas, amor e união.
Porém, para o choque das feitoras dos inúmeros fios no Twitter, “Step Back” é uma canção misógina da década de 1940 carregada pelo Girls On Top, GOT the Beat, Girls On the Beat ou seja lá qual for o significado real por trás desse nome. Só que o mais chocante é redescobrir que mulheres brigam por homens – por mim, eu jamais deixaria uma rapariga destruir um relacionamento estruturado em um amor sincero e puro com destino traçado desde a maternidade. Não, nunca. Por isso resolvi ir na favela aqui do lado e perguntar a algumas moças que trabalham no Jogo do Bicho o que elas achavam do tema. Kristyellen (25) concorda que é preciso traçar uma linha para, de certa forma, marcar seu homem e seu território.
Já Greicy (23), apontou o quanto Kristyellen era uma “cachorra hipócrita”, uma vez que já havia sido infiel com seu, até então, namorado. Kristyellen argumentou que Greicy era uma “quenga duas caras” e que havia flagrado a mesma dando em cima de seu namorado. “Dei mesmo”, retrucou Greicy. A partir dali, eu não pude mais estabelecer uma conversa minimamente civilizada em meio a cadeiras voando e socos sendo desferidos em todas as direções, então decidi sair correndo dali antes que o centro da discussão, Clebersson (20), chegasse de moto com seu amigo na garupa e mais dois três oitões. A gritaria continuava mesmo após eu ter virado duas esquinas, realmente foi um momento “Step Back”.
De qualquer modo, chega dessa patacoada e vamos ao que interessa: a música. A quem estou querendo enganar com essas explicações técnicas chatas? Ninguém acha esse papo interessante além de mim. Mas para desencargo de consciência, a melodia vocal é construída divinamente e as escolhas inusitadas das harmonias do instrumental deixam tudo extremamente interessante – e viciante. Mesmo tendo ouvido mais de uma vez, dá a sensação de que a música em si continua se movimentando. Uma dinâmica muito bem executada. Quanto a todo o resto, eu já me perdi novamente. É melhor não enxergar mensagem onde não existe.