(开), KAI

Bem que eu queria contar detalhadamente sobre as texturas, camadas, partes sombreadas e partes clareadas; mas este EP só me deixou com alguns contornos para tentar expressar numa tela em branco o que seria esse passeio pelo R&B contemporâneo.

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Star, LOONA

No mês passado, o LOONA fez seu retorno ao cenário do K-Pop lançando o EP [12:00], tendo como carro-chefe a música “Why Not?” (ambos comentados aqui). Normalmente, EPs de grupos de K-Pop costumam ter uma música escolhida como single, que será divulgada por alguns meses até que as/os idols se despeçam para voltar aos estúdios e gravar o próximo lançamento, enquanto as demais músicas são usadas apenas para preencher o álbum. Bem, desta vez, não foi o caso.

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[12:00], Why Not?; LOONA

Depois de dois textões especulando como poderia (e deveria) ser o comeback do LOONA, eis que o EP [12:00] já está entre nós, bem como o single e videoclipe “Why Not?”. Será que foi bom? Será que foi ruim? Bom, as minhas impressões podem ser lidas mais abaixo, mas antes, que tal ver o clipe e tirar suas próprias conclusões?

Depois que fiz os textões sobre possibilidades tanto para o andamento da trama do loonaverso como para o som que o grupo traria dessa vez, ainda tivemos mais motivos para incertezas, com a BBC divulgando ensaios fotográficos com conceitos bem diferentes. Isso, aliado ao fato dos produtores de “I Got A Boy” do Girls’ Generation estarem por trás de “Why Not?”, trazia o temor (ou a esperança, dependendo do seu gosto) de vir uma daquelas músicas que mudam radicalmente de estilo de um momento para outro.

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THE ALBUM, Lovesick Girls; BLACKPINK

Eu sei, demorei, mas cá estou para entregar-lhes os quatro parágrafos mais relevantes dentre todas protocríticas até então. Pois bem, BLACKPINK retornou na última sexta (02/10) com seu tão aguardado primeiro disco de estúdio, intitulado “THE ALBUM”. De acordo com algumas pessoas que estão presas no espaço-tempo da década de 2010 no K-Pop, “THE ALBUM” seria análogo ao período da nossa ditadura militar, ou seja, uma época de tamanha benevolência e pureza da história recente dum belo país tropical no qual atingimos o nirvana da felicidade plena. Após tal paradisíaco período, nós caímos em profunda desgraça degenerada causada pelas famigeradas “classes de baixo”. Em suma: para o grupo de pessoas já citadas acima, antigamente era melhor.

A boa notícia é que estamos em 2020 e muita coisa evoluiu de lá para cá, de fato ainda não estamos nos locomovendo em carros voadores, mas BLACKPINK veio nos brindar com a boa nova. Agora seguem os parágrafos para o grupo de pessoas que conseguiu seguir em frente com a vida: são oito faixas com saldo bastante positivo, algumas com muitos acertos; outras, nem tanto. Erros? Nenhum.

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A volta do LOONA em outubro: especulações e expectativas (parte 2)

Dando continuidade às especulações e expectativas para o comeback do LOONA, no texto anterior discutimos um dos grandes atrativos do grupo: as tramas entrelaçadas que compõem o loonaverso. Mas o LOONA ainda é um grupo musical de K-Pop, e isso significa que, não importa a qualidade da história de fundo, a música é “aquilo” pelo que fãs e ouvintes casuais realmente esperam – e esse é um campo em que elas têm dividido opiniões nos últimos anos. Esta segunda parte busca discutir os acertos e erros nos lançamentos da BBC, e algumas sugestões para que esse comeback possa recuperar o interesse perdido por muitos.

Da ousadia à conformidade

O loonaverso foi apenas parte da estratégia extremamente ousada e arriscada para o lançamento do LOONA. O pré-debut do LOONA envolveu nada menos que dois anos e trouxe músicas e videoclipes solo para cada integrante. Cada nova garota era apresentada mês a mês (com alguns intervalos maiores em certos casos), o que criava o mistério sobre como seria cada uma delas.

Entre alguns solos e outros, houve ainda o lançamento de três subunidades (ou grupos menores), cada qual com um EP próprio e mais videoclipes. Assim, um comentário divertido que muitas pessoas faziam era que, antes mesmo de estrear, o LOONA já tinha uma discografia maior que muitos grupos veteranos (oi, Blackpink).

Mas quantidade vale menos que qualidade, certo? Nesse sentido, além do grande número de músicas, o projeto chamava atenção pela diversidade de estilos e pela produção caprichada de cada trabalho: num mês você poderia ouvir uma música que se encaixaria perfeitamente num momento fofinho e engraçado de um filme da Disney, enquanto noutro mês se surpreenderia com um R&B esbanjando sensualidade. Além disso, frequentemente vinha uma música bem diferente das tendências no K-Pop, e algumas que se transformavam em algo completamente diferente em certos momentos.

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A volta do LOONA em outubro: especulações e expectativas (parte 1)

Este provavelmente é um texto bastante incomum para este blog, mas é um que eu tinha vontade de fazer já faz um bom tempo: uma análise das “teorias da conspiração” envolvendo o grupo LOONA, e o momento não poderia ser mais apropriado: elas estão prestes a fazer um comeback, também conhecido como “lançar um novo trabalho”, em outubro. Sendo assim, como todo comeback delas, ele traz consigo uma série de mistérios; dentro do “loonaverso” e fora dele também. Vamos aqui discutir alguns desses mistérios.

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Tomoko Kawase e os opostos não tão opostos assim

Em tempos de polarizações políticas, sociais e em várias outras esferas, tem sido relativamente comum ver pessoas tentando encaixar o mundo em uma lógica binária. 0 ou 1. Preto ou branco. Quente ou frio. Esquerda ou direita. Escolha seu lado e ele vai definir tudo que você é – e o que você não é. Mas será mesmo?

Opostos… ou complementares?

Se você me perguntar por que há quem queira reduzir tudo a extremos e oposições, eu sinceramente não saberei responder. Se a pergunta for o que eu acho que causa esse tipo de comportamento, meu palpite seria que isso torna mais simples formar sua visão de mundo e assim fazer suas escolhas. Afinal, se tudo pode ser reduzido à bem e mal, certo e errado; fica fácil decidir, não é mesmo?

A redução em si talvez não seja ruim, não sei dizer. Mas há dois problemas que vejo nela: o primeiro parece vir quando esse mesmo reducionismo é aplicado com uma mentalidade de confronto, onde não basta você escolher seu lado, é preciso atacar tudo que venha do outro lado. Temos visto muito isso na política (lembrando que política não se resume aos políticos em si, mas também à formação de grupos sociais e à forma como eles interagem uns com os outros), mas esse ponto é bastante polêmico e complexo, então não pretendo discutir aqui.

O segundo problema, talvez bem menos sério, porém mais próximo do que pretendo abordar aqui, é a limitação que esse tipo de visão coloca, onde tudo e todos estão dentro de caixinhas cujos conteúdos não se misturam. Ou você é bom, ou é mau; ou é alguém que só valoriza o corpo, ou só valoriza a mente; ou é uma pessoa meiga, ou é abusada (mas não as duas coisas ao mesmo tempo, OK, Anitta?). É uma lógica comum em obras como filmes adolescentes (onde os atletas descolados e pouco inteligentes batem de frente com os nerds antissociais, ou as líderes de torcida lindas e fúteis trocam alfinetadas com as garotas tímidas e desleixadas), telenovelas (que até hoje giram em torno dos conflitos entre heróis sempre bondosos e vilões sempre malignos), e por aí vai.

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Pink Fantasy e a torcida pelos underdogs

Saudações! Antes de começar o texto de hoje, já aviso que qualquer semelhança com a análise do Aquário Hipster para o debut das maravilhosas Pocket Girls não é mera coincidência: depois de lê-la, fiquei pensando em todos os grupos nugus que eu gosto de ouvir (#stanLOONA) e constatei que talvez eu escute mais esses grupos do que os consolidados. Por achar as músicas deles melhores? Sim, mas também pelo apelo deles enquanto underdogs.

Bom, como o título já entrega, o grupo escolhido pra esse artigo não é o das rainhas do loonaverso, mas outro que eu venho panfletando descaradamente nos comentários pela blogosfera: pode entrar, Pink Fantasy!

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Womxnly, Jolin Tsai e Yeh Yung-chih

Dia desses sonhei com uma flor, não sabia que tipo, mas, em seguida, ela tomou forma de uma pessoa; tinha olhos opacos, de porcelana. Apesar de não saber identificar quem era, a forma de luz rosada veio ao meu encontro e me abraçou – o abraço me embalou num gesto de carinho e conforto. Partiu assim que os primeiros raios de sol tocaram meu rosto. E assim, como quem pensa em música todo o tempo, lembrei-me de “Womxnly”, canção da artista taiwanesa Jolin Tsai.

A história por trás da letra se trata duma homenagem dobrada dentro dum lembrete. “Na manhã de 20 de abril de 2000, Yeh Yung-chih (葉永 鋕) pediu a seu professor para ir ao banheiro antes do término da aula. Alguns minutos depois, seu corpo sem vida fora encontrado no chão do banheiro em uma poça de sangue. Ele tinha apenas 15 anos.”

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Burn It, Agust D e simbologias

“Eu vejo as cinzas caindo da sua janela
Há alguém no espelho que você não conhece
E tudo estava errado
Então queime até que tudo desapareça.”

O psiquiatra suíço Carl Jung via o Ouroboros como um arquétipo e a mandala básica da alquimia. Jung também definiu a relação do Ouroboros com a alquimia. Os alquimistas, que, à sua maneira, sabiam mais sobre a natureza do processo de individuação do que os modernos, expressaram esse paradoxo através do símbolo de Ouroboros, a cobra que come o próprio rabo. Diz-se que o Ouroboros tem um significado de infinito ou totalidade. Na imagem milenar do Ouroboros reside o pensamento de devorar-se e transformar-se em um processo circulatório, pois ficou claro para os alquimistas mais astutos que a matéria prima da arte era o próprio homem.

O Ouroboros é um símbolo dramático para a integração e assimilação do oposto, ou seja, da sombra. Esse processo de efeito retroativo é ao mesmo tempo um símbolo de imortalidade, uma vez que é dito do Ouroboros que ele se mata e se dá vida, se fertiliza e dá à luz a si mesmo. Ele simboliza Aquele que procede do choque de opostos e, portanto, constitui o segredo da matéria prima que inquestionavelmente deriva do inconsciente do homem.

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