Within Temptation retorna com “The Reckoning”

Não há nada que me deixe mais feliz como agora. Passeando pelos sites divulgadores de música, dentre muitas mesmices e pouca excitação, decidi procurar algo sobre Heavy Metal e me deparei com esta ótima surpresa: Within Temptation acabou de revelar novo single e videoclipe para seu próximo álbum de estúdio, “Resist”, que será lançado oficialmente em 14 de dezembro de 2018. A faixa “The Reckoning” conta com a participação do vocalista da banda Papa Roach, Jacoby Shaddix.

Pela declaração dada junto à música, pode-se esperar uma renovação de sonoridade e estética visual do Within Temptation. Depois de duas décadas, a banda está pronta para romper com o passado. Within Temptation nunca foi limitado por fronteiras, mas expandindo seus horizontes, dando assim um novo processo criativo de composição.

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Starlight, Muse e dispersão

Eu não sinto vontade de escrever hoje. Na verdade, faz algumas semanas que me encontro naquele famigerado espaço branco chamado “bloqueio criativo”. Não se trata de falta de interesse, muito menos algo que indique a vertigem do ímpeto sobre comentar o que se gosta. Criam-se parágrafos, esboços, um ponto de partida e nada se desenvolve. Você busca pelo termo e encontra dicas e listas de como lidar ao notar das palavras que se esvaem, mas as soluções já são de conhecimento prévio, não há uma fórmula ou padrão de escrita para a fluidez.

Nesse tempo me foram indicadas boas músicas, enquanto minha atenção seguia à deriva. Finalmente um ponto de partida: a falta de foco. Neste caso, gosto de fazer um exercício no qual chamo de repetição e adaptação; se há um declínio, então posteriormente haverá uma curva suave que amortecerá a queda, mesmo sem a existência da curva. Anteontem senti uma vontade desesperadora de chorar, lembrei que em outros dias antes havia sentido a falta disso. Ou seja, as lágrimas vieram quando eu não as queria mais.

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O Romance

Dia desses sonhei com Danusa, nunca pude ver seu rosto com clareza – dentro de um carro abarrotado de caixas que tampavam a visão do painel, e luz forte vindo de fora causando suor nas pálpebras. Via-se nada, ouvi sua voz. De repente abriu a planície extensa e céu aberto – ela estava numa motocicleta sem portas ou teto que a cobrisse, e respondendo à minha pergunta disse que não voltaria. Mostrei-me consternada e solitária – havia nada nas caixas, havia nada no carro, Danusa então deixou para mim a decisão: o petardo no peito ou seguir pelo terreno esverdeado.

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Nina Cried Power, Hozier

Andrew Hozier-Byrne está no seu melhor quando lida com emoções exageradas, cingindo seu coração naquela voz séria, sempre levemente desgastada, enquanto sua música promete mover montanhas. Essa foi a fórmula que fez “Take Me to Church”, uma canção inspiradora sobre perder sua religião e encontrar a si mesmo, a música mais tocada de 2014 e aquela que coloca o vento sob a faixa título de seu novo EP, “Nina Cried Power”, lançado pela Island e produzido por seu colaborador de longa data, Rob Kirwan.

Com quatro anos desde o lançamento do álbum de estreia de Hozier, e apesar de sua base de fãs continuar comprometida, o resto da humanidade não ficou esperando para descobrir o que ele estava fazendo. Houve alguma expectativa em torno de seu retorno, mas nada para perturbar as massas. Descrita pelo artista de Wicklow como sua homenagem à música de protesto da era dos direitos civis norte-americanos, a faixa título é um grande esforço que ajuda a descobrir temas amplos de protesto e libertação. Nomes como John Lennon, James Brown, Joni Mitchell e, conforme o título, Nina Simone estão entre os destacados.

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Particula, Major Lazer & DJ Maphorisa

Enfrentamos o desafio de criar uma musicologia sul-africana única e temos a oportunidade, que outras nações podem invejar, de construir nossos próprios monumentos neste “último paraíso” (Malan, 1983).

Para qualquer etnomusicologista interessado na música das favelas, ruas, portos e minas da África, a África do Sul constitui uma espécie de Eldorado (Erlmann, 1991).

As citações acima falam de duas dessas perspectivas: no caso do musicólogo africânder Jacques Malan, escrevendo no final da década de 1970 e início de 1980, a África do Sul era um paraíso, uma tábula rasa à espera das possibilidades de um novo tipo de inscrição crítica (branca). Para o etnomusicólogo nascido na Alemanha, Veit Erlmann, dez anos depois o país era algo como um “Eldorado”, desde que alguém estivesse preparado para explorar os atalhos dos pobres (negros) da classe trabalhadora. Contudo diferente, cada ponto de vista é ressaltado por uma noção sedutora de paraíso, uma noção que não vem da linguagem da musicologia ou da etnomusicologia, mas do mundo da ficção (Christine Lucia, 2005).

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Nick Murphy, anteriormente conhecido como Chet Faker

Na escassez de novos lançamentos por artistas que trazem algo diferente do cenário convencional, decidi trazer um pouco da música de Chet Faker, ou simplesmente Nick Murphy, seu nome de batismo. O cantor e compositor australiano que estreou no cenário musical em 2012, com o EP “Thinking in Textures”, recebeu muitos elogios em sua proposta de mesclar elementos eletrônicos aos gêneros mais convencionais como Rock, Soul e R&B. Essa fusão de gêneros e estilos não é particularmente uma ideia exclusiva a Murphy, levando em conta que muitos outros artistas utilizam esses artifícios em suas respectivas sonoridades.

O mérito de Chet Faker, nome artístico escolhido para homenagear o músico de Jazz Chet Baker, reside principalmente em suas composições criativas e pela voz distinta e marcante. “Gold” é o terceiro single de seu primeiro álbum regular lançado em abril de 2014, “Built on Glass”, que segue dando continuidade à narrativa iniciada em “Thinking in Textures”, exceto pelos interlúdios desnecessários. Embora justificável, a separação das peças musicais torna a experiência do ouvinte cansativa e, por conseguinte, fazendo-o pular tais partes.

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Hybrid finalmente retorna à cena com “Light Up”

Após um longo intervalo, Hybrid retorna com seu mais novo single intitulado “Light Up”. Desde seu último álbum regular, “Disappear Here” (2010), o agora duo britânico compreendendo Mike e Charlotte Truman passaram os últimos oito anos imersos em produção e composição para trilhas de diversos filmes. Hybrid segue com sua identidade sonora em “Light Up”, lançado oficialmente neste 13 de julho, e com remixes adicionais para a faixa.

Abrindo este single de cinco faixas com a poderosa e ativa edição de vídeo da versão do álbum, que é uma versão ligeiramente condensada e mais difícil, atingindo o máximo de impacto. Em seguida, a versão do álbum, que realmente começa no meio do caminho quando o Drum and Bass faz sua aparição. Como frequentemente acontece com Hybrid, as coisas tendem a tomar uma atmosfera cinemática e intensa. Mais ainda, contando agora com o toque da Orquestra Filarmônica de Praga que ajudou a embalar novas dimensões sônicas.

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Cota Não é Esmola, Bia Ferreira

Não, não é A verdade. Mas sua mensagem. Bia Ferreira passou há pouco pelo lado de minha desatenção, sua musicalidade transmutada em consciência faz vibrar as cordas do violão, depois na audição ecoar. Quem é esta mulher que ouvi uns minutos atrás? Compositora, com potente trabalho autoral, brasileira sem clichê, moderna sem forçar a barra, batuqueira natural, de musicalidade profunda, suavidade jazzística, e devota suprema do balanço. Bia Ferreira é artista do ghetto e sua voz é dissonante e ativista.

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Divulgação: Bishop Briggs

Lá pelo final de 2017 me marcaram numa postagem de Facebook sobre um desses estúdios de dança que, por sua vez, têm o costume de gravar seus respectivos dançarinos apresentando uma coreografia para determinada música. Quem o fez sabia que era uma das poucas coisas que me fariam interagir, seria a combinação com música e asiáticos, uma vez que eu estava dedicando mais do meu tempo explorando a cena do K-Pop. Era um recorte de duas crianças com descendência asiática dançando a um som que despertou minha curiosidade.

Lembro-me de ter olhado os comentários no vídeo recortado, tentando encontrar nome da artista e música, sem muita sorte, porém, ao digitar apenas “like a river” na barra de pesquisa foi o suficiente. Assim descobri Bishop Briggs, bem como muitos outros vídeos de coreografia para sua faixa “River”. Guardei o videoclipe em meu histórico do YouTube para garantir que não iria esquecer de conferir mais material da mesma posteriormente. Felizmente o tardio ultrapassou o jamais e aqui me encontro.

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Language. Sex. Violence. Other?, Stereophonics

Fazendo jus ao nome deste Blog, resolvi dar uma vasculhada em alguns álbuns antigos para talvez tentar mostrar, ao menos uma parte ínfima, o que acontecia há dez anos, ou mais. Conheci a banda de Rock Stereophonics pelo seu álbum lançado no ano de 2001, intitulado “Just Enough Education to Perform”. Minha vontade de conferir, entretanto, deu-se pela coluna do jornal local que eu lia, todas às quartas-feiras, onde o autor oferecia maior variedade em suas indicações. Até então, o fato curioso apontado pelo colunista era a música “Mr. Writer”, escrita pelo vocalista e guitarrista Kelly Jones, que direcionou toda a letra a um jornalista que acompanhou a banda em uma de suas turnês e em seguida teceu críticas negativas à mesma.

Comprei o álbum em questão e, de fato, “Mr. Writer” cumpria à risca sua proposta, tanto na resposta ácida quanto no peso dos pedais. Mas ao longo das outras faixas, como quem deseja vomitar o que não fez bem, Jones parecia direcionar sua banda ao dissonante e ensurdecedor jeito de que, naquele momento, Stereophonics tratava-se de uma banda empenhada apenas em causar ruídos descontrolados para toda a mídia ver e ouvir. No álbum seguinte, “You Gotta Go There to Come Back”, Stereophonics parecia estar fadada a ser uma banda mediana com frequentes comparações a Oasis, e com o adicional de tantas outras surgindo na abordagem de Revival que nunca falha. Bem, até o lançamento do álbum “Language. Sex. Violence. Other?” no ano de 2005, que de longe é o melhor trabalho de estúdio da banda. Fiquem com a ótima “Superman”:

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