Language. Sex. Violence. Other?, Stereophonics

Fazendo jus ao nome deste Blog, resolvi dar uma vasculhada em alguns álbuns antigos para talvez tentar mostrar, ao menos uma parte ínfima, o que acontecia há dez anos, ou mais. Conheci a banda de Rock Stereophonics pelo seu álbum lançado no ano de 2001, intitulado “Just Enough Education to Perform”. Minha vontade de conferir, entretanto, deu-se pela coluna do jornal local que eu lia, todas às quartas-feiras, onde o autor oferecia maior variedade em suas indicações. Até então, o fato curioso apontado pelo colunista era a música “Mr. Writer”, escrita pelo vocalista e guitarrista Kelly Jones, que direcionou toda a letra a um jornalista que acompanhou a banda em uma de suas turnês e em seguida teceu críticas negativas à mesma.

Comprei o álbum em questão e, de fato, “Mr. Writer” cumpria à risca sua proposta, tanto na resposta ácida quanto no peso dos pedais. Mas ao longo das outras faixas, como quem deseja vomitar o que não fez bem, Jones parecia direcionar sua banda ao dissonante e ensurdecedor jeito de que, naquele momento, Stereophonics tratava-se de uma banda empenhada apenas em causar ruídos descontrolados para toda a mídia ver e ouvir. No álbum seguinte, “You Gotta Go There to Come Back”, Stereophonics parecia estar fadada a ser uma banda mediana com frequentes comparações a Oasis, e com o adicional de tantas outras surgindo na abordagem de Revival que nunca falha. Bem, até o lançamento do álbum “Language. Sex. Violence. Other?” no ano de 2005, que de longe é o melhor trabalho de estúdio da banda. Fiquem com a ótima “Superman”:

Saber das comparações citadas não era algo que me incomodava, pelo contrário, as referências, por assim dizer, eram muito boas. Muitos viam Stereophonics ter potencial, do mesmo modo que a banda nunca chegava a catalisar seu ápice, permanecia então um certo ponto de interrogação e aguardo. Talvez Kelly Jones tenha percebido o desequilíbrio que os tubos estourados na caixa do amplificador estavam causando, decidiu dar uns passos para trás, creio isso eu nunca saberei. O que sei é: “Language. Sex. Violence. Other?”, seu quinto álbum de estúdio, veio e trouxe consigo o apuro e redenção tão aguardados. E enquanto eu ouvia incessantemente esse bendito CD, conversava com amigos, alguns músicos, sobre o mesmo – era intrigante como a maioria concordava de que se tratava de um bom álbum, e ainda assim a crítica especializada o classificava de mediano para menos.

Stereophonics 2

Esta dúvida permaneceu, embora não tenha durado muito ao lembrar que “You Could Have It So Much Better”, da banda Franz Ferdinand, fora lançado no mesmo ano. Estou muito aquém de sair em uma cruzada desvairada contra Franz Ferdinand, convenhamos, porém, que houve enviesamento por parte da dita crítica especializada. Acredito ser um questionamento válido, pois era mais um álbum influenciado pelo Revival e posteriormente aclamado. Franz Ferdinand e aclamações à parte, o apelo de bandas e sonoridades trazendo a “áurea” de décadas passadas é uma fórmula difícil de falhar, já que eu bem poderia ter escolhido um desses álbuns aclamados e escrever esta publicação da maneira mais cômoda possível. E observo o mesmo efeito, dessa vez não só no Rock, das doses homeopáticas de nostalgia que vem alimentando, pela seringa do “no meu tempo”, este imenso retrato apático de ouvintes.

Estaria eu caindo em contradição por justamente decidir indicar algo de 2005, então? Seria, de fato, contraditório. A boa notícia é que “Language. Sex. Violence. Other?” corre na contramão disso, apresentando o visceral e o comedido em sua melhor forma, além da poderosa voz de Jones finalmente encontrar espaço para ora esbravejar, ora lamentar sem se sobrepor na sua própria banda. Um trabalho excelente que merece a chance de ser ouvido, que seja tardiamente, não importa. Também muito válido para futuras referências, agora o que me resta é tentar escolher as faixas que são destaques. Como já dei tantas ênfases no álbum inteiro, os destaques serão de gosto pessoal: “Superman”, “Brother”, “Devil”, “Dakota” e “Feel”.

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